O FAZER EM SAÚDE: UM NOVO OLHAR SOBRE O PROCESSO DE TRABALHO NA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA Maísa Paulino Rodrigues1 Mariza Sandra de Souza Araújo2 Recortes iniciais Durante os últimos anos, a saúde vem se constituindo como um campo de construção de práticas cuidadoras, socialmente determinadas, dentro do qual o formato da ação médica tornou-se hegemônico. Porém percebemos que, mesmo dentro desse modo peculiar de agir tecnicamente na produção do cuidado, no decorrer de todos estes anos, há uma grande multiplicidade de maneiras ou modelos de ação. Nos dias atuais, é comum convivermos com uma gama de problemas que alteram intensamente a capacidade dos serviços de saúde de responderem de forma eficaz às demandas por saúde na vida individual e na vida coletiva dos cidadãos brasileiros, o que pode ser detectado por meio da pouca efetividade das ações de promoção, proteção e recuperação da saúde. Essa situação tem sido observada cotidianamente nas instituições de saúde do Brasil, sendo revelada por meio da insatisfação e da insegurança dos usuários com o tipo de atendimento prestado e pela forma como os profissionais de saúde operam os serviços, ou seja, desenvolvendo práticas histórico-socialmente determinadas pela ação médico-hegemônica. Nesse horizonte de crise, a estratégia Saúde da Família pode significar um processo instituinte de mudanças na atenção à saúde, resgatando conceitos fundamentais de vínculo, humanização, co-responsabilidade e outros, que apontam para a reorientação do modo de operar os serviços de saúde. A partir desse referencial, buscamos estabelecer um furtivo olhar sobre o processo de trabalho em saúde e os desafios necessários para a construção de um novo fazer na estratégia Saúde da Família. Nessa perspectiva, para discutir sobre a natureza do processo de trabalho em saúde, faz-se necessário resgatar alguns conceitos básicos do trabalho, ou seja, a sua conceptualização e organização nos serviços de saúde. Para tanto, sintetizamos algumas