Enfermagem francesa
O artigo é uma pesquisa documental que tem como objetivo fornecer um panorama da educação e profissionalização da enfermagem moderna francesa ao longo do tempo e destacar o atual cenário naquele país, em relação à formação e organização da profissão. Para tanto, foi necessário o auxílio de livros, periódicos, da legislação referente à temática e, a partir da classificação e análise dos textos e documentos pesquisados, buscou-se interpretar os principais fatos que marcaram e têm marcado a história da enfermagem francesa.
A obra aborda, inicialmente, o processo de profissionalização da enfermagem durante o período de instalação da terceira república (1870-1940) e da concomitante entrada da profissão médica no ambiente hospitalar. Neste período, em que houve a laicização dos hospitais, é destacada a figura do médico e parlamentar Désiré Magloire Bourneville (1840-1909), forte defensor do anticlericalismo na instituição hospitalar. Descreve-se a formação do modelo administrativo nos hospitais, que culminou no processo de submissão dos profissionais de enfermagem em relação a classe médica.
Logo após, as autoras enfatizam sobre a preocupação do corpo médico em relação ao crescimento de Irmãs de Caridade nos hospitais e a reivindicação, por parte dessa classe, de um novo pessoal para assistir os doentes, que fosse recrutado, porém submisso. Buscou-se, então, uma solução para a problemática que desafiava a supremacia médica: a criação da “Escola de formação para enfermeiros e enfermeiras da Assistência Pública”, tendo o médico Bourneville como principal idealizador. Nessa escola, a enfermeira formada seria apenas uma auxiliar, devendo apenas executar; o ensino era direcionado a “mulheres do povo”, sem instrução, que atendiam ao modelo subalterno e submisso ao médico.
Por outro lado, a profissionalização da enfermagem contou com personagens que defendiam o modelo anglo-saxônico de formação, entre eles Anna