Eliane potiguara – a cara da índia
Por *Julio Yriarte
22.03.2010
E-Mail: yriarte@hotmail.com
Navegando pela Internet, deparei-me com um belíssimo texto de Daniel Munduruku (?) de Lorena-SP que aborda de forma direta, sensível, grandiosa e refinada a saga de uma grande brasileira, uma mulher nordestina que, orgulhosamente, sacraliza sua origem indígena e pela sua força e coragem inatas, protagoniza uma história recheada de questionamentos e afirmações trazendo à tona a trajetória de sua própria família, seu sofrimento e a violência experimentada em sua origem e direitos.
Esta notável mulher é ELIANE POTIGUARA, hoje uma escritora que revela e indaga as mazelas do povo brasileiro originário e os motivos que levaram o país a abandoná-lo à sua própria sorte.
Particularmente fiquei impressionado e fascinado ao mesmo tempo com essa mulher, ao ponto de utilizar este espaço para tentar atrair a atenção dos leitores, dar a conhecer a sua importância no contexto indígena, despertar curiosidade e suscitar o debate em torno de um personagem que admite o contraditório, mas, não aceita futilidades e condena o colonialismo e capitalismo perverso, nocivo, consumista, alienante, que exclui e divide impiedosamente e que esquece suas raízes, sua gênese...
Num trecho do poema “Brasil” de sua autoria, sofrida e angustiada Eliane Potiguara questiona:
“O que eu faço com minha cara de índia?
E meus cabelos
E minhas rugas
E minha história
E meus segredos?”
Outro trechinho de um poema seu:
“Da tristeza que invade todo o meu universo interno
Apesar do sorriso na face”.
É perceptível a marca da honestidade de sentimentos e de uma dor latente, quiçá, deflagradas pela ingratidão de uma nação que, injusta e injustificadamente, pisoteou a legitimidade e herança dos povos indígenas e tradicionais deixando filhos órfãos de pais e povos órfãos de país.
O grito de libertação e a angustia da dor pode ser encontrado no seu excelente e último livro “Metade cara,