Eleitor vendilhão: tire o cabresto da cara

1994 palavras 8 páginas
Eleitor vendilhão: tire o cabresto da cara Por W.P. de Araújo*

No semestre passado, mais precisamente no mês de junho, fui surpreendido com a comparação feita por um aluno do terceiro ano do ensino médio, em uma das escolas em que trabalho no interior do Estado. Ministrava o conteúdo da primeira fase da República brasileira, também convencionalmente denominada de República Velha (1889/1930). Ilustrava que pela Constituição republicana de 1891, o voto era aberto, o que facilitava os donos do poder econômico manipular o eleitor desinformado e desatento nas áreas urbanas e pressionar os eleitores nas zonas rurais presos ao sistema do coronelismo, marcado pela violência, pelo medo, constrangimento, intimidação e covardia dos mandões. “Os ricos”, chamados de coronéis, formavam seus “currais” eleitorais e dominavam o eleitorado da região por meio do voto de “cabresto”.
Comunicava a eles que o cenário que envolvia e promovia o coronelismo era o do mundo rural brasileiro, dominado pelo latifúndio, o engenho, a fazenda e a estância. Um universo próprio, interiorano, bem afastado das grandes cidades, isolado do mundo. As comunicações eram raras e difíceis, feitas por canoa, barco, balsa, carro de boi, charrete, ou na sela do cavalo, puxando os arreios da mula ou do jerico. Que, materialmente o mundo dos coronéis era povoado pela escassez de tudo e pela pobreza quase que absoluta, quando não a miséria dos moradores, o que explica a enorme dependência que todos tinham do coronel. Ele era um pode-tudo a quem era preciso recorrer nas mais diversas situações, sendo, portanto compreensível que o coronel exigisse daqueles que se qualificavam como votantes, o compromisso da fidelidade. Observe-se que a não existência do voto secreto (adotado após a Revolução de 1930), facilitava o controle sobre o eleitor, aumentando-lhe o constrangimento. Por

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