EFEITOS MALEFICOS CREATINA
A creatina (ácido α-metil guanidino acético) é uma amina de ocor- rência natural encontrada primariamente no músculo esquelético e sintetizada endogenamente pelo fígado, rins e pâncreas a partir dos aminoácidos glicina e arginina. Também pode ser obtida via alimen- tação, especialmente pelo consumo de carne vermelha e peixes.
Desde que foi demonstrado que a suplementação de creatina (20 g/dia por 5-7 dias) promove aumento de 20% nas concentrações de creatina muscular, diversos estudos investigaram o efeito da su- plementação no rendimento esportivo.
Além disso, estudos recentes têm demonstrado que a suplementação de creatina pode ser benéfica em certos acometimentos neuromusculares(4,5), doenças crônico-degene- rativas(6,7) e tolerância à glicose(8).
Kuehl et al.(12) foram os primeiros a relacionar a suplementação de creatina à insuficiência renal. Os autores atribuíram ao consumo regular de creatina (10g/dia por 3 meses) o quadro de dispnéia, perda de peso e fadiga relatado por um jogador de futebol americano asmático. Testes laboratoriais indicavam creatinina (Crn) sérica de 1,7 mg/dl, enquanto que valores de clearance de creatinina (ClCrn), amônia, sódio, potássio e análises da urina foram considerados normais.
Koshy et al.(13) indicaram a suplementação de creatina como causa- dora de nefrite intersticial aguda e injúria tubular focal, em um homem de 25 anos aparentemente saudável. Esse sujeito apresentou aumento nas concentrações séricas de creatinina (2,3 mg/dl) e pressão sanguínea 160/100. Infelizmente, os autores não forneceram maiores informações acerca do histórico clínico do sujeito. Barisic et al.(14) empregaram, com sucesso, a suplementação de creatina (20g/dia durante 12 dias, seguidos por 5/g/dia ao longo de 28 meses) no tratamento de um jovem de 18 anos com encefalopatia mitocondrial . Apesar da melhora observada no quadro psicomental do sujeito, os autores relataram deterioração na função renal após 28 meses de