Educação e negócio
Jose Murilo de Carvalho.
Escola particular, em nossa tradição, significa negocio. Rico só aplica dinheiro em educação para ter lucro, mesmo que reivindique para suas escolas estatuto de entidade não-lucrativa. Pior ainda, e um negocio que se baseia quase que exclusivamente na anuidade paga pelos alunos. Dai o conhecido fenômeno das universidades caça-níquel, com baixa qualidade na graduação e sem pesquisa e pós-graduação.
Para informar o debate sobre o assunto, no entanto, e preciso levar em conta que existe outra tradição de universidade particular. Das quinze melhores universidades de pesquisa norte-americanas, classificadas anualmente pelo US News and World Report, e que estão também entre as melhores do mundo, todas são particulares. Em 2002, as dez primeiras eram: Princeton, Harvard, Yale, Caltech, MIT, Stanford, Pennsylvania, Duke, Columbia, Dartmouth. Todas elas recebem algum recurso do governo federal via contratos de pesquisa. Mas o grosso dos recursos vem de fontes privadas, com uma característica fundamental: o dinheiro proveniente das anuidades responde por apenas parte do orçamento, nem sempre majoritária. Em Stanford, fica em torno de 20% e quase todo gasto em despesas com estudantes (bolsas, aconselhamento, esportes, equipamentos, etc.). O resto das receitas vem de doações, de rendas patrimoniais e de investimentos. No ano de 2000, 130 universidades, particulares e publicas, receberam 14,3 bilhões de dólares em doações de particulares. A melhor colocada nessa lista, Stanford, arrecadou 580 milhões de dólares, 13% de seu orçamento total. As doações vêm de fundações e indivíduos, sobretudo ex-alunos, que são constantemente bombardeados com pedidos de ajuda. Em Stanford, o ex-aluno Hewlett Packard, o dos computadores HP, doa milhões por ano. A evidência mais clara da presença de doações nos campi norte-americanos são os prédios. Praticamente todos eles, mesmo em universidades publicas, trazem o nome de quem financiou sua