Educação ambiental
Cerrados Piauienses: de Espaço Natural a Espaço Construído
Márcia Regina Soares de Araujo – UFPI/TROPEN/PRODEMA
Maria Dione Carvalho Moraes, Orientadora – UFPI/TROPEN/PRODEMA
Resumo
Considera-se que a transformação dos cerrados piauienses, de espaço natural em espaço construído, se deu pela ação estatal, pelos capitais privados e pelo avanço técnico, como integrantes do sistema de ações que compõem o espaço, o que possibilitou a sua abertura para a agricultura moderna. Nesta direção, a construção paradigmática interdisciplinar e o método de interpretação dialético, objetivaram apreender a complexidade do jogo de forças que atua sobre o espaço dos cerrados da região sudoeste do Piauí, em particular, no município de Bom Jesus. Conforme apreendido, pode-se dizer que o processo em curso nos cerrados piauienses remete à dinâmica da transformação do seu espaço e, nesta perspectiva, considera-se que a força das relações sociais que constrói o espaço, edifica também múltiplas formas de relacionamentos. Dentre elas, figuram as relações de poder/apropriação que, neste sentido, apontam para a (re)configuração do espaço, portanto território, pela determinação histórica das ações humanas no meio físico.
1. Introdução
De um modo amplo, a dilatação da fronteira agrícola em direção aos cerrados piauienses, a partir de meados da década de 1980[i] obedece a uma lógica guiada pela incorporação da agricultura brasileira no contexto do modo de produção capitalista nas escalas regional, nacional e internacional, em que o papel do Estado como agente viabilizador, e em consonância com os interesses econômicos, atuou de modo a subsidiar ações, por intermédio de políticas e programas que contribuíram para a constituição dos cerrados piauienses – segundo as narrativas mestras (MORAES, 2000) como celeiro produtivo. Considerado, até os anos de 1970, desfavorável para a agricultura devido