Educaão libertaria
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Diálogo com um Filisteu, excerto de O Que é a Propriedade (1840), de Pierre Joseph Proudhon."- Oh! (...) você é republicano.- Republicano, sim; mas essa palavra não diz nada de preciso. Res publica é a coisa pública. Ora, quem quer que queira a coisa pública, sob uma forma qualquer de governo, pode-se dizer republicano. Os reis também são republicanos.- Ora bem; você é monárquico?- Não.- Constitucionalista?- Deus me livre.- É então aristocrata?- De modo nenhum.- Quer um governo misto?- Ainda menos.- Mas então o que é que você é?- Sou anarquista.- Percebo: faz sátira; visa o governo.- De maneira nenhuma: acaba de escutar a minha profissão de fé séria e maduramente refletida; apesar de muito amigo da ordem, sou, com toda a força que o termo tem, anarquista. Ouça-me.O homem, para atingir a mais rápida e perfeita satisfação das suas necessidades, procura a regra: nos começos esta regra é viva, visível e tangível; é o seu pai, o seu mestre, o seu rei. Quanto mais ignorante é o homem, mais absoluta é a obediência e confiança no seu guia. Mas o homem, cuja lei é a conformação com a regra, quer dizer descobri-la pela reflexão e pela razão, o homem raciocina acerca das ordens dos seus chefes: ora um tal juízo é um protesto contra a autoridade, um começo de desobediência. A partir do momento em que o homem procura os motivos da vontade soberana, a partir desse momento, o homem é um revoltado. Se já não obedece porque o rei ordena mas porque o rei prova, pode-se afirmar que a partir de então ele não reconhece nenhuma autoridade, e que se fez rei de si próprio. Infeliz daquele que ouse conduzi-lo e que só lhe ofereça, como sanção das suas leis, o respeito de uma maioria: pois, tarde ou cedo, a minoria passará a ser maioria, e este déspota imprudente será derrubado e todas as suas leis aniquiladas.Anarquia, ausência de mestre, de soberano, tal é a forma de governo de que nos aproximamos de dia para dia, e que o hábito inveterado de considerar o homem como regra e a sua vontade