Edgar Allan Poe
Edgar Allan Poe. ©uso publico Por Pablo Huerta
Não são poucos os escritores cuja existência trágica acabou por engendrar uma visão de mundo peculiar, profunda e cínica. Edgar Allan Poe, nascido em Boston, Massachussets, em 1809, foi um caso emblemático. Viveu pouco – morreu aos 40 anos de idade – mas intensamente.
Em suas próprias palavras, sua vida foi movida por “caprichos impulsos, paixões, desejo de solidão, desprezo pelo presente e um anseio sincero pelo futuro”.
Durante uma curta passagem pelo exército para pagar dívidas de jogo, Poe iniciou sua carreira literária escrevendo poesias como “O corvo”, obra que lhe rendeu fama, apesar das duras críticas à sua qualidade literária. Também foi autor de ensaios, novelas, críticas e contos, este último, o gênero no qual obteve maior reconhecimento, sobretudo com histórias de detetive, relatos de viagens e contos de terror.
Muitas de suas histórias sombrias têm um viés autobiográfico. O pai de Poe abandonou a família, sua mãe faleceu quando ele ainda era criança e ele foi adotado por um comerciante chamado Allan, descendente de ciganos e vendedor de escravos e cadáveres.
Graças ao contato com os escravos africanos, Poe conheceu os rituais do vodu e magia negra, tão presentes em suas histórias. Outro tema recorrente em sua obra é a guerra, vivenciada durante os anos como soldado.
Poe foi um dos primeiros escritores dos Estados Unidos a tentar sobreviver de sua arte. Suas histórias curtas eram publicadas em jornais da época e muitas vezes se baseavam em notícias reais.
Outro episódio que transparece na obra de Poe é a morte precoce de sua esposa Virginia Clemm, uma prima com quem se casou quando ela tinha apenas treze anos de idade. A figura da “mulher morta” é constante em seus escritos, seja como fantasmas, espectros ou mulheres diabólicas.
A rigor, o “terror” de Poe deveria se chamar “gótico”, já que se alinha ao estilo dos autores românticos