economia
“Ao longo dos primeiros anos do século XXI, o Brasil foi celebrado internacionalmente como uma potência emergente e apontado como um caso de sucesso econômico. Colocado lado a lado com a China, Índia e Rússia, no grupo conhecido como BRIC, foi chamado de South America’s Superpower pela revista Foreign Policy e celebrado em otimista matéria de capa de The Economist, com o título “O Brasil decola”, ilustrado por uma sugestiva imagem do Cristo Redentor decolando como um potente foguete.
Dados alvissareiros de crescimento do consumo, redução da pobreza e expansão acelerada da classe média criaram a ideia de que o país estava entrando em uma nova era. O eterno “país do futuro” finalmente estaria cumprindo o seu destino. O governo prontificou-se a ser anfitrião de eventos esportivos internacionais de alto custo, construindo estádios a serem exibidos nas emissoras internacionais, da mesma forma que um novo-rico se esforça para ser socialmente reconhecido.
A classe politica foi surpreendida quando, em junho de 2013, milhares de manifestantes tomaram as ruas, irados com a visão de estádios bilionários construídos ao lado de hospitais decrépitos e sem equipamentos, transporte público ineficiente e insuficiente, habitações precárias se equilibrando no alto dos morros e escolas que pouco ensinam.
As agências de avaliação de risco, por sua vez, após sucessivas frustações com o ritmo de crescimento econômico do país, passaram a enxergar o que muitos analistas da economia brasileira já vinham dizendo: não é possível que o país cresça a taxas elevadas apoiado em precária infraestrutura (de transportes, energia e comunicações), com trabalhadores de baixa qualificação, com barreiras ao comércio internacional, com gastos públicos em ritmo insustentável de crescimento, com sistema judicial emperrado, com carga tributária elevada, com taxa de juros muito acima da média internacional.