Economia
A economia capitalista passa por mais outra crise. Todavia, isso não é um defeito desse sistema. Pelo contrário, é sua principal característica, senão virtude. No capitalismo liberal-financeiro as crises são cíclicas e funcionam como uma espécie de válvula de escape. Em um momento de alta ebulição dos mercados, a válvula se abre. Os créditos sem valor e as perdas financeiras são jogados para fora do sistema para que este se preserve. Com isso, sanadas as deficiências, o sistema se recompõe. Mas muita sujeira fica pelo caminho.
A atual crise econômica do capitalismo não é apenas uma anormalidade dos "subprimes" norte-americanos, da falência de organizações, do vaivém de commodities e ações pelo mundo afora, enfim, de bancarrota dos mercados financeiros e especulativos. Ela é, sobretudo, uma crise de idéias. A era da Guerra Fria colocou em lados opostos a doutrina capitalista e a socialista. O socialismo, por contradições e não saber lidar com as crises, se perdeu nos labirintos da História. Já o capitalismo se adaptou às crises.
Como isso foi possível? Ao contrário do socialismo, que se agarrou à rigidez de um marxismo mal interpretado, o capitalismo se utiliza de várias idéias. Nos Estados Unidos – baluarte da economia de livre mercado -, a área econômica, por exemplo, tem como mirante especialmente as idéias de John Maynard Keynes e de Milton Friedman. Ambos foram intelectuais de envergadura que marcaram a economia e influenciaram governos de norte a sul, de ricos a pobres, de democracias a ditaduras. Daí, é no oscilar de idéias heynesianas ou friedmanianas que funciona a válvula de escape do capitalismo global.
As idéias do economista Keynes retiraram os estadunidenses de uma forte depressão econômica. Na crise de 1929, ele propôs que o Estado fomentasse o mercado débil, ofertasse emprego e realizasse programas sociais. O resultado foi um reaquecimento da economia e uma era de progresso, a qual superou as duas