Drogadição na adolescência
Psicólogas afirmam que todas as pessoas atualmente são convocadas a construir sozinhas suas referências e elaborar as normas que regulam a sua existência.
ALTERA O
TAMANHO DA LETRA A-
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Para Bianca Bergamo Savietto e Marta Rezende Cardoso, psicólogas do programa de pós-graduação em Teoria Psicanalítica do Instituto de Psicologia da UFRJ, a adição em drogas possui relação com o desamparo ocasionado pela atual configuração das famílias.
Segundo as autoras, a definição de desamparo “ultrapassa em muito uma vertente biológica, isto é, não pode ser limitada à idéia de um estado de insuficiência psicomotora que seria própria ao bebê”. E mais: “entender o desamparo sob uma ótica exclusivamente biológica significaria considerar o aparelho psíquico a partir de um ponto de vista evolucionista segundo o qual o desenvolvimento do psiquismo caminharia de um estado de dependência absoluta em relação a outrem para uma condição ‘madura’, na qual a situação de desamparo viria a ser superada”, afirmam na revista Psicologia em Estudo de janeiro/março de 2009.
Elas afirmam que o mundo contemporâneo se caracteriza pela precariedade, instabilidade, e que “estamos, portanto, diante de uma carência de recursos de mediação”. Segundo elas, as famílias contemporâneas estão demasiadamente “fluidas”, e retiram a estabilidade necessária para a formação psicológica e social dos filhos, criando o desamparo. “Compreendemos que a solidez das posições ocupadas por cada membro da família, isto é, sua firmeza e estabilidade, também foi afetada pelo processo de derretimento, de liquefação.
Deste modo, tanto na esfera da vida pública quanto na da vida privada, o sujeito contemporâneo depara-se com a ausência de autoridades rígidas, de regras e referenciais estáveis, encontrando-se imerso num contexto em que nada mais está ‘dado’e no qual ele é convocado a construir suas próprias referências, a elaborar as