Dpp aula 4
Antes de falarmos da leitura, é necessário definirmos o que é texto. Este se constitui enquanto tal no momento em que os parceiros de uma atividade comunicativa global, diante de uma manifestação linguística, pela atuação conjunta de uma complexa rede de fatores de ordem situacional, cognitiva, sociocultural e interacional, são capazes de construir, para ela, determinado sentido. Ou seja, é lugar de interação de sujeitos sociais que, dialogicamente, nele se constituem e são constituídos. Nessa abordagem interativa entre o leitor e o texto, a informação flui em duas direções: do texto para o leitor e do leitor para o texto.
Da concepção de texto, nasce a de leitura, atividade interativa altamente complexa de produção de sentidos, que parte da codificação linguística, mas não se basta nela. As experiências e os conhecimentos do leitor, bem como sua cultura, crenças e valores são requisitos fundamentais para a atribuição de sentido durante a leitura. O sábio educador Paulo Freire se pronunciou a respeito: "A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não pode prescindir da continuidade da leitura daquele"[1].
Na leitura, os fatores contextuais têm um papel preponderante. Apenas o cotexto linguístico não dá conta de abarcar toda a gama de conhecimentos que entra em ação no processamento da informação textual. A leitura de um texto exige muito mais que o simples conhecimento linguístico compartilhado pelos interlocutores. O leitor/ouvinte realiza uma série de estratégias tanto de ordem linguística, como de ordem cognitivo-discursiva, com o fim de levantar hipóteses, validar ou não as hipóteses formuladas, preencher as lacunas que o texto apresenta, participando ativamente da construção do sentido. Portanto, nenhuma análise linguística pode ser feita sem levar em conta o entorno verbal onde uma frase ou oração estão inseridas, a situação de produção imediata ou contexto situacional, cujos conhecimentos