Dor- vias de transmissao
FISIOPATOLOGIA DA DOR
Judymara Lauzi Gozzani*
Até a década de 60, no século passado, a dor era considerada uma resposta sensorial inevitável à lesão tecidual. As outras dimensões da experiência dolorosa, como componente afetivo, cognitivo, diferenças genéticas, ansiedade e expectativa, eram pouco valorizadas.
Nos últimos anos, grandes avanços foram feitos na compreensão dos mecanismos que são subjacentes à dor e no tratamento de pessoas que se queixam de dor. O papel dos fatores externos ao organismo foi esclarecido.
Em 1965, a teoria de controle do portão de Melzack e Wall enfatizava o mecanismo neurofisiológico que controlava a percepção de um estímulo nociceptivo, integrando a aferência, o processo de informação ascendente com a modulação descendente do encéfalo. Esta teoria porém não abrange as mudanças a longo prazo, que podem ocorrer no sistema nervoso central, em resposta ao estímulo nociceptivo.
* Certificado de área de atuação em Dor SBA-AMB
Mestrado em Biologia Molecular UNIFESP
Doutorado em Medicina Anestesiologia - UNIFESP
Estudos fisiológicos e comportamentais mostraram que a plasticidade ou aprendizado desempenha papel fundamental no processo doloroso.
Algumas situações clínicas de pacientes com dor deixam claro que o encéfalo pode gerar dor na ausência de impulsos periféricos dos nociceptores ou da medula espinhal, por exemplo, na dor de membro fantasma.
A melhor definição de dor é a proposta pela IASP (International Association for the Study of Pain) onde a dor é uma experiência emocional, com sensação desagradável, associada à lesão tecidual presente, potencial ou descrita como tal. A existência de muitos tipos de dor pode ser compreendida pela identificação da nocicepção, da percepção dolorosa, do sofrimento e comportamento doloroso. Subjacente a essas situações clínicas, pode-se identificar substrato anatômico, fisiológico e psicológico.
A nocicepção é a detecção de lesão tecidual por transdutores