Doença de Chron
Buscando compreender o significado e o impacto da doença de Chron na vida de seu portador, desenvolvemos este estudo, de natureza qualitativa, optando pela História Oral de Vida como referencial metodológico, tendo como base filosófica a corrente monista, advinda de Hipócrates, em que a prática médica tem por objeto a pessoa doente em sua totalidade, levando em conta seu temperamento e a sua história. A terapêutica deve restabelecer a harmonia da pessoa com seu ambiente e consigo mesma , trata-se de uma medicina integradora e dinâmica, que corresponde aos primórdios da medicina psicossomática. O estudo da doença de Chron, por meio da compreensão psicossomática, permitiu que analisássemos os sintomas, não como corpos estranhos a serem erradicados, mas como mensageiros de um apelo a ser compreendido. Por intermédio deles, pode ser resgatada a história de um indivíduo que, se conscientemente vivida e analisada, permite o desenvolvimento até níveis mais evoluídos de entendimento.
INTRODUÇÃO
Desde o início da história da Medicina, duas correntes complementares divergem quanto à concepção de doença e, conseqüentemente, quanto à natureza da prática médica. A primeira, monista, vem de Hipócrates (séc. VI aC) e da escola de Cós, e tem por objeto a pessoa doente em sua totalidade; leva em conta o temperamento da pessoa e sua história; a doença é vista como uma relação global da pessoa a um distúrbio (interno ou externo), envolvendo corpo e espírito; a terapêutica deve restabelecer a harmonia da pessoa com seu ambiente e consigo mesma e trata-se de uma medicina integradora e dinâmica, que corresponde aos primórdios da medicina psicossomática (1) .
A segunda corrente, dualista, vem de Galeno (séc I aC) e da escola de Cnide, e tem por objeto a doença, que é vista como algo autônomo em relação ao portador; é autenticada por uma lesão anatomoclínica; predominou sobre a corrente hipocrática na era de Pasteur com as descobertas das etiologias específicas das