Doce sonho etanol
O projeto do Brasil de transformar o etanol numa fonte de energia renovável consumida no mundo inteiro virou um pesadelo. O país não conseguiu deslanchar a produção do combustível à base de cana-de-açúcar, uma forte quebra da safra em 2011 levou os preços do álcool combustível às alturas e hoje nem mesmo o consumidor brasileiro, que foi incentivado nos últimos anos a abastecer com o produto em consequência da popularização dos veículos bicombustíveis, ou flex, quer saber do etanol.
A crise aguda que o setor sucroalcooleiro enfrenta tem vários motivos. Quando o ex-presidente Lula da Silva, que governou o Brasil entre 2002 e 2010, levantou a bandeira do etanol como uma commodity made in Brazil, as cotações do barril de petróleo subiam vertiginosamente nas Bolsas de Londres e de Nova York, referências na negociação da matéria-prima da gasolina e de outros derivados.
Nesse contexto, os Estados Unidos buscavam emplacar sua própria produção de biocombustíveis e, com a aprovação em 2005 da Energy Bill, uma lei que estipulou metas crescentes de consumo de etanol até 2020, os norte-americanos superaram a produção brasileira pela vez em 2006. No ano passado, o abismo entre a produção dos dois países já era mais do que o dobro, com 50 bilhões de litros de etanol produzidos nos Estados Unidos, contra 23,6 bilhões de litros produzidos no Brasil.
E há um detalhe: os norte-americanos usam como matéria-prima de seus biocombustíveis principalmente o milho, enquanto os brasileiros adotam a cana-de-açúcar, cujo rendimento na produção de álcool é maior do que o da oleaginosa.
“O que aconteceu foi a falta de visão estratégica do governo, que não percebeu que os Estados Unidos, quando adotam uma lei, cumprem. A nossa produção estagnou enquanto a deles disparou”, afirmou Daniele Siqueira, analista de mercado da Agência Rural.
A descoberta do pré-sal também é apontada como uma das razões da decadência do etanol. O volume assombrador de