“Do folclore ao Popular” e “Indústria Cultural Capitalismo e Legitimação: Benjamin versus Adorno ou O Debate de Fundo” (Jesús Martín-Barbero)
No capítulo “Do folclore ao Popular”, Martín-Barbero relata o surgimento de uma “indústria” de narrativas e imagens que vai formando uma produção cultural que medeia e separa as classes nomeando suas diferenças entre “nobre” e o “vulgar” e mais tarde entre o “culto” e o “popular”. Tal produção cultural promove segundo o autor, o inevitável processo de hegemonia e contra-hegemonia onde “algo de cima” promove de algum modo a ascensão “do de baixo” que ao ascender ainda será visto com desprezo, porém assegurará ali uma não imposição e manipulação resultando num modo novo de existência popular. Trata-se do surgimento do cordel na Espanha e do colportage na França.
Embora desenvolvidos simultaneamente, cordel e colportage apresentam diferenças, dentre as quais o autor destaca o público ao qual cada um se destina: colportage destina-se aos camponeses enquanto que cordel é plenamente urbano, portanto estereotipado uma ver que vulgar “é o que se move na rua”, o plebeu, o vagabundo. Nesse sentido, Barbero relata o avanço dessa nova modalidade de literatura que estando fora das bibliotecas tornou possível às classes populares o trânsito do oral ao escrito na qual se produziu a transformação – através de inovações nas formas de difusão e produção – do folclore ao popular.
A busca do público nas ruas, a facilidade cada vez maior da distribuição e a leitura diferente da do indivíduo fechado em seu livro, só endossaram os preconceitos e a rejeição por parte da camada “culta”. No entanto as barreiras impostas pela classe alta encontravam respostas nas ironias e imitações debochadas. Era o espaço da re-apropriação quando pela primeira vez a classe média teve a chance de se “vingar” a seu modo da burguesia e erigir seus próprios heróis adaptados e rearranjados com base nos grandes heróis do velho romantismo.
É pensando