Diversão
NA ARQPITETURA CONTEMPORÁNEA ii (UM ROTEIRO)
Cruzamento de ruas em Oslo.
No intuito de devolver a cidade moderna à coletividade expropriada ao longo do processo de constituição das grandes aglomerações urbanas contemporâneas, arquitetos e urbanistas entregaram-se, particularmente a partir de meados dos anos 60, a uma verdadeira obsessão pelo lugarpúblico, em princípio o antídoto mais indicado para a patologia da cidade funcional. Esse clima de opinião remonta na verdade às primeiras secessões do Movimento Moderno no pós-guerra, mas só nas duas últimas décadas tomou uma feição de lugar comum ideológico, ponto de encontro - bem peneirado - entre velhos argumentos conservadores e outros tantos colhidos na voga neo-iluminista mais recente, ela mesma menos uma resposta do que uma caixa de ressonância das sucessivas metamorfoses da esfera pública no capitalismo avançado. O terreno não poderia ser mais escorregadio. Sirvam de amostra duas referências, às quais voltarei mais adiante.
A primeira delas vem de um teórico da Escola de Veneza que, como se sabe, desde pelo menos o fim dos anos 60 está empenhada numa das revisões mais abrangentes e nuançadas da utopia moderna do Plano. Nessa direção, depois de passar em revista as principais implicações da sociologia alemã da cidade desde os tempos de Tonnies e
Simmel, Massimo Cacciari chama a atenção para um desdobramento
A Ideologia do 'Lugar Público' '...
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inesperado daquelas idéias qiie nortearam o primeiro grande confronto do pensamento sociológico em formação com a alienação moderna: nada mais falso e desafinado, denuncia, do qiie reencontrar um por um os antigos ideais da conztcnidade - a GemeinschaJ orgânica que Tonnies contrapunha às relações anôriimas e mecânicas da sociedade - entre os muitos argumentos atuais contra a Metrópole, condenada não por dar forma à siipremacia do Capital, mas por cncarnar o
"intclecto abstrato", ou, se se preferir, a "razão