DIVERSOS
No Brasil contemporâneo, a base das mudanças sociais esteve, de maneira geral, demarcada profundamente pela heterogeneidade associada à intensa desigualdade na partilha dos frutos da expansão econômica, conforme muito bem destacou Sérgio
Buarque de Holanda. Ademais, por não se ter dado de forma completa e desacompanhada das reformas civiliza tórias, a trajetória do processo de transformação socioeconômica terminou por combinar insistentemente o moderno com o atraso.
Antes de ter completado mais de duas décadas de retrocesso econômico e social, observado a partir da crise da dívida externa (1981 - 83), o Brasil perseguiu, por quase cinco décadas, uma fase de intensa transformação econômica e social que o permitiu avançar da 56ª para 8ª economia mundial e reduzir tanto a pobreza - de mais de 4/5 para menos de 2/5 da população - como o analfabetismo - de 5/6 para 1/5 dos brasileiros. Apesar da velocidade das transformações, constata-se que tudo isso não resultou no mesmo patamar civiliza tório verificado nos países desenvolvidos devido não apenas à tardia internalizarão do projeto de industrialização nacional (pós-1930), mas também à baixa cultura democrática. A incipiência do regime democrático, que não chega a 40% do século de industrialização nacional, impossibilitou a realização plena das reformas agrária, tributária e social. Nos dias de hoje, o país segue com estrutura fundiária pouco distinta da brutal concentração constatada no início dos anos 1950, assim como continuam os pobres a arcar com o maior peso da carga tributária e o estágio de bem-estar social muito distante do avanço econômico alcançado.
Apesar disso, a sociedade brasileira apresentou significativa mobilidade social, com rápido e volumoso fluxo migratório do campo para cidade. Em síntese, o Brasil fez, em três décadas praticamente, o que as nações desenvolvidas levaram mais de um século
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