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No caminho feito de palavras e imagens, esquinas podem representar pontos de surpresa, atalhos a redirecionar atenções. Enquanto nos esforçamos para mantermos os propósitos da criação, quiçá nosso mais genuíno rebento, percebemos também que sair da zona de conforto é algo deveras necessário. Criar é importante até porque é isso que faz girar a roda vida das leituras e da reinvenção de olhares sobre um frenético mundo de imagens. Mas expelir uma criatura em vão, apenas para cumprir uma satisfação ao próprio ego ou a terceiros, instaura um lugar de alerta. Então, surgem fantasmas e desvios, todos eles apontando para uma assustadora falta do que dizer. A sensação de vazio que fica não é apenas a de um campo conceitual, mas, sobretudo, aquela que irrompe de uma boa dose de negligência ao que efetivamente está no mundo enquanto matéria capaz de representar algo consistente. Por que não aceitarmos a ideia matriz de sermos muito mais leitores do mundo do que obcecados criadores? Eis um questionamento que certamente deve rondar as consciências daqueles que vislumbram a consolidação de uma obra pessoal. Apreender para só depois, e a certo custo, poder firmar as bases de um algo a dizer não significa abraçar a utopia. E o tempo, com seus matizes, vai maturando e conferindo corpo e alma a um estado de coisas que um dia poderão ser expelidas com sentido. Na Diversos Afins, tentamos perceber como tal dinâmica se opera entre os mais variados criadores que se nos apresentam. Diante de alguns anos de estrada, restam algumas comprovações de que conteúdo é algo realmente essencial. É nessa linha o exemplo de autores como a poetisa Dheyne de Souza, a qual trava agora conosco uma conversa sobre o produto de sua criação, bem como alguns olhares íntima e delicadamente devotados ao complexo universo da literatura. Por falar em versos, aprendemos a enxergar por entre as janelas líricas de Marize Castro, Ricardo Mattos, Cilene Canda, Claudio Simiz e Frederico Spada.