DIVERGÊNCIAS ENTRE FREUDISMO E DURKHEIMISMO

DIVERGÊNCIAS ENTRE FREUDISMO E DURKHEIMISMO
Sigmund Freud (1856-1939) e Émile Durkheim (1858-1917). Viverem na mesma época, fundamentando duas ciências novas que sofriam o forte impacto de uma avalanche positivista. Mas curiosamente, apesar de não se conheceram profundamente Freud e Durkheim tanto se assemelharam e tanto se divergiram. Ambos despertaram uma forte curiosidade a cerca do homem social, um enquanto desbravador do inconsciente humano, outro enquanto amante dos mecanismos sociais. Posso então demarcar aqui, o primeiro e fundamental comentário sobre a divergência existente entre os dois: a libido para Freud e a superioridade da instituição para Durkheim. Freud levanta a libido - do latim "desejo" ou "anseio", energia aproveitável para os instintos de vida – como a pedra angular que sustenta as relações sociais, a força criadora. Isso se revela desde o primeiro contato com o a mãe, onde nasce, segundo Freud, o complexo de Édipo, outro ponto entendido como fundamental na formação social do indivíduo que se inicia no contexto familiar. Ao mesmo tempo, Durkheim ressalta que o que podemos de fato chamar de força criadora seria a instituição, a família. Considero, também, de fundamental importância citar que Freud enquanto defensor de uma psicologia individualista e Durkheim enquanto sociólogo objetivista, se dissociam no que diz respeito aos fatos sociais. Durkheim não irá aceitar, nem em última análise, o psíquico como fator determinante dos fatos sociais, ao contrário, Durkheim fala que apenas fatos sociais anteriores, ou seja, apenas a própria sociedade é capaz de delinear os fatos sociais. Um terceiro e último comentário que considero precioso passa pelo que ambos dizem a respeito do suicídio. Para Freud, o suicídio é um subproduto de uma algo que ele vai denominar de pulsão de morte, ou seja, o desejo de abandonar, de extinguir, de destruir que não necessariamente está ligado somente a vida. No entanto Durkheim levanta uma outra tese a esse respeito.