DITADURA E PSICOLOGIA
A Psicologia no Brasil foi regulamentada no ano de 1962, pouco antes do golpe militar, em um período no qual as Forças Armadas se articulavam para promover o tão fatídico e inesquecível golpe. O golpe militar de 64 definiria novas formas de desenvolvimento econômico, em que haveria uma valorização tanto de profissões de níveis superiores quanto de profissionais liberais. A psicologia emergiu associada às classes burguesas da sociedade brasileira que buscava contribuir com estudos sobre as intervenções de caráter higienista, moralizante e normatizante focadas principalmente na população pobre.
Podemos observar que a mudança do foco de atuação dos profissionais com o fim da ditadura militar saiu da visão individualizada/privada para a construção de posicionamentos atentos ao coletivo/social. Processo de transformação das práticas profissionais do psicólogo que foram de suma importância para a ascensão e reconhecimento da profissão no país. Com a introdução da psicologia na comunidade e no âmbito das políticas públicas inicia-se um processo de conquista pela diminuição das desigualdades sociais e pela mudança do “olhar” em relação ao sujeito, podendo-o compreende-lo como sujeito inserido em um contexto social, político, cultural e econômico.
A Psicologia tem uma importante implicação na tentativa de denunciar as verdadeiras atrocidades cometidas nos porões do regime militar e tem participado ativamente de programas e projetos - como a “Comissão da Verdade” - que visam reviver e identificar o que realmente aconteceu com muitas pessoas naquele período, além da função de acolher os que sofreram e ainda sofrem pelas práticas de tortura. A atualidade, distante daquelas práticas ditatoriais, não estaria totalmente isenta de ações autoritárias revestidas por roupagens democráticas que, recentemente, assaltadas por um novo movimento assombrariam governantes e a burguesia conservadora. As