Ditadura militar
Zuzu Angel é um exemplo de como a busca por contradizer tal afirmação pode levar a excessos prejudiciais à obra e ao público. O filme de Sérgio Rezende ,narra a história de Zuzu Angel, estilista brasileira cujo sucesso internacional ocorreu simultaneamente à ascensão da ditadura militar. Acreditando num primeiro momento ser possível manter-se diante da situação política do país, Zuzu vê suas crenças irem por água abaixo com a notícia de que seu filho fora preso pelo exército e estaria sofrendo torturas. A partir daí, e através dos contatos internacionais que sua posição lhe permitia, Zuzu Angel tornou-se uma das principais porta-vozes na década de 70 contra as barbáries do regime militar, em sua busca incessante por notícias do filho. O filme reúne vários ingredientes que buscam atrair o grande público: uma história comovente e baseada em fatos reais, trilha sonora com clássicos da MPB, elenco famoso e televisivo e uma narração extremamente clássica .
Ao apostar nessa comunicação com o público, entretanto, Rezende exagera e acaba subestimando o espectador. Temos então um filme extremamente didático, onde possui cenas com personagens lendo ou redigindo inúmeras cartas ,flashbacks explicativos e contextualizantes, músicas que irrompem a cada cena-chave ,e diálogos que, por mais tensos e críticos que sejam, são sempre claros, pausados e formais. O filme acaba cativando em alguns momentos, em função da força da história de Zuzu, da reconstrução de um momento histórico tão delicado de nosso país e da interpretação , mas as escolhas de Rezende incomodam o espectador que busca no cinema algo além da emulação da linguagem televisiva e que preferem ser provocados e desafiados a serem guiados pela mão, como se fossem crianças que ainda não podem andar pelas próprias pernas.