Dispositivos conectados a internet
Eu sou o passageiro. Me penalizo mentalmente recitando a infame versão do Capital Inicial para “The Passenger”, de Iggy Pop, sempre que entro num carro. Não dirijo há mais de cinco anos e sempre que entro num carro vou para o banco do carona ou para o banco de trás, por ser vítima de um acidente que me impede de retomar a direção. Isso será resolvido em breve, mas divago.
Não usava celular quando parei de dirigir, mas naquela época telefone celular não era sinônimo de computador de bolso e sim de telefonia móvel. Por isso, nunca usei o celular enquanto dirigia, o que me dá uma certa aflição quando vejo alguém com uma mão no volante e outra no telefone. Ou apertando o celular entre o ombro e a cabeça para usar as duas mãos ao dirigir. Meu inconsciente cogita as piores hipóteses, principalmente quando estou no carro em que o motorista fala ao celular. (Não estou culpando os que fazem isso – talvez se dirigisse hoje em dia provavelmente fizesse o mesmo.)
Mas desde que deixei de ser motorista para ser passageiro que o celular vem mudando e hoje é um companheiro inseparável ao táxi. Se antes eu folheava livros e revistas, hoje me dedico a responder e-mails, checar redes sociais e jogar Angry Birds, meu maior vício virtual portátil. E se me dá agonia pensar num motorista dirigindo e conversando ao telefone, é inevitável ficar preocupado sempre que vejo alguém dirigindo e olhando para o celular ao mesmo tempo. Já peguei carona com quem mandava SMS ao mesmo tempo em que passava marcha e girava o volante – não duvido que tenha gente que faça o mesmo enquanto compartilha links no Facebook ou tira fotos para publicar no Instagram.
Mas, ao mesmo tempo em que o celular virava um computador de bolso, outros acessórios eletrônicos começaram a aparecer no carro. Primeiro veio o GPS, depois o aparelho de DVD portátil e em pouco tempo esses equipamentos permitiam até mesmo assistir à televisão. Na paralela, você poderia conectar o telefone