Deus é bom?
A marcha da humanidade no seu desenvolvimento mental, psíquico e filosófico pode ser verificado pela maneira como codificam a natureza à sua volta, dá-lhe sentido, cria mitos e se qualifica no mundo.
O desenvolvimento da religião, que é uma das criações do homem, segue paralelo ao alargamento da subjetividade do homem. Na infância psíquica do homem a lente refratária do conhecimento do seu entorno passava pela esfera sensorial. O bom e o mau tão fortemente sentido resumia a essência mágica de tudo – dor e prazer, amor e raiva, suavidade e aspereza, calmaria e alvoroço eram os sentidos que viam na natureza e em si mesmos. Desde os seus primórdios o homem é acossado pela necessidade de dar uma razão a tudo e somado ao medo de sua extinção lança mão da mágica maneira de aclarar a existência de tantos fenômenos como os relâmpagos, o florescer das arvores, a colheita dos grãos, o nascer dos animais e das crianças e tudo isso açodado pelas aparições de um mundo virtual que inexplicavelmente rondavam em sonhos e não percebe outra maneira de racionalizar tudo a não ser pela mão divina de seres que habitavam um mundo que não o seu mundo material e que dominavam tudo. A percepção das coisas a um nível muito sensorial se reflete na criação de divindades próxima ao seu próprio estado e esses seres eram bons e maus dependendo de fatores intrínsecos ao momento. A relação era de medo e respeito mas não ainda de submissão total de dependência aos deuses e isso mais tarde foi se alterando à medida que ia percebendo a materialidade dos fenômenos. A construção das divindades seguiam um padrão daquilo que era conhecido portanto os deuses amavam, guerreavam, matavam exatamente como os próprios homens faziam. À medida que a sociedade ia se modificando igualmente os deuses também se modificavam e a medida que os deuses ficavam mais distantes da logica humana de se relacionarem, estes deuses deixavam de existir para dar lugar a outros deuses mais de acordo com o