Desigualdade
O racismo, o sexismo e o etnocentrismo são os principais fatores de desigualdades que afetam milhões de mulheres negras e indígenas em todo o país. A perversa combinação produz acessos diferenciados entre as mulheres em geral, aprofundando as desigualdades de gênero, raça e etnia na sociedade brasileira.
As estatísticas demonstram que mulheres negras e indígenas são maioria nas áreas de extrema pobreza no país e apresentam as piores condições de vida. Sob o impacto da negação cultural, enfrentam os danos emocionais gerados pela violenta discriminação cotidiana de gênero, raça e etnia na sociedade, incluindo a violência doméstica. Além disso, vivem com os piores salários, seja qual for a sua ocupação no mercado de trabalho, e estão na base da sub-representação feminina na mídia e nos espaços de poder.
O acesso desigual à saúde, por exemplo, vem produzindo um quadro de adoecimento e morte das populações negras e indígenas, onde as mulheres são as mais afetadas em todas as situações.
A invisibilidade da população negra e indígena na mídia bem como dos problemas que as vitimizam é histórica no Brasil. Há uma naturalização na forma de abordar esses grupos que são hegemônicas na grande mídia. Joel Zito Araújo (2010), por exemplo, analisando a produção televisiva, reconhece o elogio permanente das características estéticas das populações descendentes da Europa como uma ação efetiva da mídia na reiteração simbólica da ideologia do branqueamento.
Examinando a TV pública, Zito concluiu, entre outros fatores, que a há um baixo índice de exibição do pluralismo cultural brasileiro na programação, somado a um alto índice de sub-representação da população negra e indígena. Esses segmentos, quando representados, não escapam de estereótipos e estigmas consolidados no imaginário social brasileiro.
A pesquisa também avaliou o número de jornalistas na TV pública segundo a categoria raça/etnia. De acordo com os dados totais, há