depressão
(por Léo Baroni)
Neste momento, convido o leitor a voltar seu olhar para a depressão como uma característica humana. Reconheço a existência daquilo que chamam de doença depressiva, mas não gosto de falar “depressão patológica”, pois de alguma forma estou lidando com características humanas que por algum motivo estão exacerbadas, assumindo esse caráter nocivo. Há ainda o detalhe de que a depressão em algumas instâncias e sociedades foi valorizada, em outras, não.
Hoje ela é considerada a doença do século e recebe um olhar diferenciado. Na Antigüidade, era chamada Bile Negra, por Heráclito. Em outros tempos foi considerada pela mística “possessão de espíritos” e há até os relatos de homens que se mostravam atraídos pela “característica melancolia feminina” (pois as moças eram melancólicas, tristes, cabisbaixas). A melancolia chegou a ser vista como moda na Idade Média, no reinado de Felipe V, na França. O fato é que a depressão sempre existiu e nunca passou despercebida. A diferença é que de alguns anos para cá, finalmente, ela tem sido mais estudada a partir de sua caracterização como uma “doença mental”. Há hoje uma preocupação maior não somente com a caracterização dos sintomas, mas com busca de suas causas.
É meu intuito ressaltar primeiro a depressão como algo essencialmente humano e perfeitamente compreensível. Em alguns momentos, os sintomas estão ligados a outros distúrbios físicos e não necessariamente ao quadro que chamam de depressão (por exemplo: problemas de tireóide, alcoolismo, problemas de estômago e problemas respiratórios muitas vezes são associados à depressão). Há também a observação de associações do quadro depressivo a problemas cardíacos. Mas em geral, o que definimos como depressão é um momento de baixa, um retrocesso.
Quero destacar que a depressão é um luto – e por isso, todos passamos por ela em maior ou menor grau. E nas circunstâncias de luto ela é ao mesmo tempo é algo necessário. É a mola propulsora