Democracia
No contexto do Segundo Reinado, o político mineiro Teófilo Otoni, admirador confesso do parlamentarismo inglês e do regime norte-americano, bradava aos seus pares pela criação de uma república no Brasil. Ele chegou a fundar no interior de Minas a sua própria Philadelphia, hoje conhecida como Teófilo Otoni, espelhando-se no exemplo dos pais-fundadores dos Estados Unidos que naquela cidade criaram a carta constitucional que se tornaria modelo para o mundo moderno, por combinar os princípios do republicanismo e do federalismo num grande território. Defensor dos
“princípios democráticos”, contra o poder pessoal e arbitrário de D. Pedro II, Otoni, todavia, pensava em uma democracia bem específica. Como ele esclarece, é a
“democracia pacífica, a democracia da classe média, a democracia da gravata lavada, a democracia que com mesmo asco repele o despotismo das turbas e a tirania de um só”.
O que diria hoje esse distinto senador da democracia brasileira, na qual um palhaço não apenas é eleito deputado federal como é escolhido como um dos quinze melhores da Câmara dos deputados? Não é brincadeira: 186 jornalistas ligados ao
Congresso em Foco, site especializado no poder Legislativo, já indicaram Francisco
Everardo de Oliveira Silva, o Tiririca, para o prêmio, e ele pode vir a se tornar, dependendo agora da votação dos internautas, o melhor deputado do Brasil no ano de
2012.
Certamente que Otoni, bem como muitos dos democratas do passado (e mesmo do presente) ficariam de cabelo em pé ao ouvir a notícia, sobretudo se lembramos de algumas das tiradas de nosso palhaço-deputado, como seus bordões de campanha: “Sou candidato a deputado federal. E o que faz um deputado federal? Na realidade, eu não
sei, mas vote em mim que eu te conto”. Ou ainda: “Pra deputado federal, Tiririca. Vote no abestado”. E o inesquecível: “Vote no Tiririca, pior que tá não fica”.
Tiririca, deputado federal mais sufragado na eleição passada (tendo