Democracia: para uns o melhor sistema de organização do governo para outros o menos prejudicial: o que esconde de ‘perecível’ a mesma?
A extinção do conhecimento[1]
Despertar novas consciências...
A cada geração que passa, verifica-se uma progressiva desvalorização do saber. Lula Miranda
Admito que talvez haja um certo exagero no título dessa crônica. Talvez, por enquanto, ainda haja mesmo um certo exagero, sim. Mas apenas por enquanto – poder-se-ia dizer de modo previdente e sensato. Talvez ainda – frise-se o ainda – se possa falar que isso que vivenciamos e experimentamos hoje é “somente” uma desvalorização do conhecimento. Tudo bem. Mas, e aí está o risco, todo processo de extinção principia com a desvalorização, descaso ou descuido para com determinada coisa, valor ou espécie. Não é fato?
“Mas o conhecimento, o saber, não se extinguirá nunca!” – exclamaria indignado você, leitor exigente e arguto. Sim, talvez você esteja correto, mas a minha preocupação de fato, daí talvez haver um calculado “exagero” nessa minha assertiva, é a de que o acesso ao conhecimento torne-se algo cada vez mais raro, difícil, restrito e de interesse tão-somente de uns poucos “eleitos”, “iniciados” ou membros de certas seitas, confrarias ou castas – o que, de certo modo, já ocorre hoje. Tenho medo de que o saber torne-se algo exclusivo de sacerdotes e a cultura alvo de interesse só de antropólogos, arqueólogos ou “paleontólogos”. Entende o que digo?
A cada geração que passa, verifica-se uma progressiva desvalorização do saber. A minha geração, por exemplo, há uns vinte e poucos anos, já era criticada por ser “alienada”, por interessar-se pouco por livros, pelas coisas da arte e da cultura e pela observação e discussão dos acontecimentos à volta. Isso já ocorria com a minha geração, que é a dos indivíduos que eram adolescentes na década de 1970, e certamente aconteceu com gerações anteriores à minha. Imagine então se analisarmos as gerações que estão surgindo agora – e as que ainda estão por vir! Um desastre!
No ano passado, visitando a casa de um sobrinho de uns 28 anos, que morava à época com