DANÇA E PARTITURA CORPORAL
Assim como a chama no vidro, a partitura se move, palpita, cresce, diminui, está quase por apagar-se e imprevistamente readquire esplendor, responde a cada hálito de vento, assim a minha vida interna varia a cada noite, de momento a momento"
(Ryszard Cieslak)
De acordo com a linha conceitual proposta pela antropologia teatral de Eugenio Barba, a partitura refere-se ao aspecto compositivo do movimento expressivo e da ação dramática, fazendo com que o trabalho do ator ou dançarino se torne um opus, uma estrutura fixa e repetível, sobre a qual se pode trabalhar no aperfeiçoamento dos detalhes. Garante, desta forma, a ritualização de comportamentos através da coletivização da experiência codificada.
A técnica da partitura pode ser entendida como um instrumento do artista, que funciona como um esquema objetivo e diretivo criado a partir de referenciais e pontos de apoio para a elaboração da complexa relação existente entre a dramaturgia do corpo e a composição da cena.
Segundo Patrice Pavis, a partitura preparatória seria o recolhimento e fixação de materiais trazidos pelo ator/dançarino que ao longo dos ensaios são remodelados e ressignificados a partir do olhar do diretor ou coreógrafo, gerando a partitura terminal. A análise dos princípios de composição dos movimentos expressivos deve ser guiada por um instrumental que faça o estudo da forma geral da ação, do seu ritmo em linhas gerais (início, ápice, conclusão), da precisão dos detalhes fixados, das diferentes qualidades de energia, da orquestração da relação entre as diferentes partes do corpo, etc.
No caso da performance proposta pela professora Valéria Moreyra com o pout-porri de canções de