DA TRADIÇÃO DOS EX-VOTOS, O SENTIMENTO OCEÂNICO
FACULDADE DE EDUCAÇÃO
JESSIKA CORRÊA
DA TRADIÇÃO DOS EX-VOTOS, O SENTIMENTO OCEÂNICO
A RELIGIOSIDADE SEGUNDO FREUD E AS PRÁTICAS ANALISADAS PELA FOLKCOMUNICAÇÃO
Goiânia
2013
Do sentimento oceânico à tradição dos ex-votos: A religiosidade segundo Freud e as práticas analisadas pela Folkcomunicação
Resumo
O objetivo deste artigo é relacionar, de modo sucinto, as práticas dos devotos católicos à noção freudiana de religiosidade. Os ex-votos e o lugar ocupado pelos “fieis”, enquanto agentes transmissores da tradição religiosa e o sentimento oceânico (termo utilizado por Freud para se referir à “sensação de ‘eternidade’, um sentimento de algo ilimitado, sem fronteiras”, que explica a energia para a religiosidade). Para isso, foi realizada uma entrevista em profundidade com uma devota, uma breve análise dos ex-votos expostos na Basílica do Divino Pai Eterno, em Trindade-GO, segundo o método Folkcomunicação e a leitura básica dos textos de Freud relacionados à religiosidade.
O que são os ex-votos? Por que os devotos são agentes comunicadores?
A tradição católica de oferecer aos santos um objeto que representa a graça alcançada é, geralmente, seguida de uma promessa paga. O passo-a-passo, segundo Maria de Fátima Pereira do Couto, católica tradicional e moradora de Faina-GO, costuma ser: o desejo, a fé, o pedido de misericórdia, em forma de reza e um voto (promessa) feito para que, caso o milagre se torne realidade, o fiel vá pagar o preço que ofereceu. “Assim que o pedido for atendido e o milagre for atestado, o devoto deve pagar o voto”, reitera.
A promessa feita por Maria de Fátima, ao ver Davi, seu único filho, padecer numa maca de hospital após um grave acidente, foi a de que ela venderia parte da fazenda herdada de seus pais, ajudaria financeiramente os pobres da região, depois iria à Trindade, daria uma oferta à Igreja e entregaria, como ex-voto, uma fotografia para ser