cultura
Afinal de contas, o que é “cultura”? Uma reflexão sobre o conceito de cultura na contemporaneidade.
LUANA BAUMANN – graduanda, UNICAMP
... cada pessoa tem em mente uma cidade feita exclusivamente de diferenças... (Italo Calvino).
A Antropologia Contemporânea (ou pós-moderna, ou pós-estruturalista), abarca o debate acerca do que é cultura, o que é diversidade, enfim, sobre o que é a Antropologia em si. A mesma se preocupa, numa linha influenciada por
Pierre Bourdieu, em objetivar nossos processos de objetivação; nomeia como cultura aquilo que “inventamos” de modo relacional, que construímos numa espécie de metáfora – entendida como capacidade de tornar significativo, de enquadrar, uma forma de circunscrição criada pelos antropólogos.
Acredita, também, que a tomada de categorias elaboradas por antropólogos pelos nativos1 de forma consciente, aponta a necessidade de revê-las e, neste sentido, tem como objetivo a construção de um aparato conceitual que reconfigure a Antropologia, usando para isso conceitos que superem acepções dualistas de mundo, como rede, simetria, multinaturalismo, relação. Roy Wagner, em “A invenção da cultura”, discorre sobre este ato criativo, partindo do pressuposto de que a condição humana partilhada por antropólogos e nativos os coloca em pé de igualdade, o que rompe com a crença da superioridade epistemológica dos antropólogos perante os nativos, na medida em que ambos são “seres culturais”, estabelecendo, assim, uma paridade epistemológica entre ambos – durante muito tempo se acreditou que o antropólogo se diferenciava do nativo pela capacidade que o mesmo tem de utilizar sua cultura, refletir sobre ela, enquanto o nativo seria usado pela mesma. Segundo ele, todo nosso conhecimento é comparativo – nada nasce por si só, tudo surge num sistema – de modo que só percebemos o outro pelo estabelecimento imediato de uma diferença a nós. Assim, nossa cultura seria
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Nomeamos como “nativos” aqueles cuja cultura