O senhor leitor, muito distinto, considera-se parte da cultura popular? Será assim quando ouve com prazer a música recente de Caetano Veloso, música popular brasileira afinal, será? Mas certa letra do músico e poeta, tão engenhosa e repleta de figuras de linguagem, exige do ouvinte uma boa iniciação na cultura letrada, braço da erudita. O senhor então será um erudito classificatório? Talvez o amigo leitor do jornal diário já se tenha perguntado se não é mais uma presa da propalada massificação, pois não? Quanto à senhora, fina leitora, aceitaria de bom grado confundir-se no torvelinho da chamada cultura de massa? A senhorita entusiasta do samba supostamente “autêntico”, aquele originado do batuque de panelas do morro ou da voz miúda de um Nelson Cavaquinho, conquanto amadora fervorosa de Guimarães Rosa, mas que se balança vivamente ao som do último pop star americano – a jovem, a que se filia? Ao “povo”, à “elite”, à “massa”? E o mancebo ouvinte do enorme Pavarotti – a que se tem? Dirá que, dada a natureza da música, se reconhece confortavelmente classificado na estreita faixa do público erudito. Será? Ou apenas engrossaria a massa popular, dada a ampla difusão do citado. Sim? Não? Mas o que é massa? Que é cultura popular? Se a dúvida lhe toca, sugiro...uma introdução ao tema: abra o livro do sociólogo Dominic Strinati. Apenas não espere soluções simples. O provável é que as dúvidas sobre o problema se tornem mais sofisticadas ao fim da leitura. E que respostas fáceis e rápidas inspirem mais