Cultura afro nas escolas
Prof. Dr. Jayro Luna
Gilberto Gil é um dos nomes mais importantes da MPB, sua participação no movimento da Tropicália, suas participações em importantes festivais de música, sua capacidade intelectual de pensar a cultura e a sociedade e de como ele consegue passar isso para as letras de suas canções, são alguns dos motivos que fizeram por justificar a sua importância.
Vou me ater a três canções do compositor, mais precisamente às letras dessas canções, pois não farei propriamente comentários acerca dos aspectos musicais, mas tão somente acerca das letras.
Já na década de 70, quando a editoria Abril Cultural lançava a série de pequenos volumes intitulados “Literatura Comentada” e que depois teve outras reedições, e constou como um de seus volumes as letras das músicas de Gilberto Gil (assim como teve um acerca de Caetano Veloso e outro de Noel Rosa) já se afigurava a idéia de que Gil fazia em suas letras uma rica poesia. Fred Góes que fez a seleção de textos e organizou o volume, escreveu em dado momento:
“Multiplicidade que não se confunde com descontinuidade: pelo contrário em quase vinte anos de carreira, tenta buscar o sentido da unidade - o universo como algo integral”
(GOÉS: 1982, p. 101)
Atualizando os dados, lá se vão mais de 40 anos de carreira e, no entanto, permanece uma busca da unidade do Universo em sua obra, busca que passa por uma religiosidade mística de caráter afro-brasileiro marcante em várias de suas composições.
Vivenciando a cultura do Recôncavo Baiano, Gil incorpora o imaginário religioso sincrético local e transcende os limites da religiosidade cristã para uma espécie de panteísmo de caráter múltiplo, mas rico de simbologia e de significações culturais, filosóficas, espirituais e morais.
Sua passagem pela África em busca do conhecimento mais próximo das fontes religiosas africanas (refazendo o percurso teórico de Pierre Verger) é