Cristianismo
Paulo Miranda
Diz S. Agostinho que os profetas falaram mais da Igreja que de Nosso Senhor, porque era mais fácil errar acerca da Igreja do que de Cristo. Segundo o grande bispo de Hipona, não faltariam aqueles que fizessem alarde de ser eles os únicos católicos, e de que somente neles estaria a verdadeira Igreja Católica.
O nosso tempo – autor de uma eclesiologia tantas vezes herética – demonstra muito bem essa verdade.
Daí a necessidade de conhecer bem a doutrina da Igreja acerca de si mesma.
Por outro lado, não se pode amar aquilo que não se conhece. Defender a Igreja - dever de todo católico - pressupõe amá-la; amá-la pressupõe conhecê-la.
Hoje não se ama a Nosso Senhor porque Ele não é conhecido, e isto se dá exatamente porque a Igreja não é conhecida. Se o fosse, ver-se-ia bem que a Igreja Católica é uma obra divina, e se reconheceria que seu autor, Nosso Senhor, é Deus.
Os inimigos da Igreja não se cansam de atacá-la. Os católicos, porém, deixam de defendê-la, pois simplesmente a desconhecem. Sua própria mãe lhes é, no fundo, uma estranha: de todas as tribunas os inimigos lhe jogam em face as piores calúnias, e seus filhos não se interessam em conhecê-la e defendê-la.
Da fé na Igreja depende, de certo modo, a fé em todos os outros pontos de nossa fé. Pois sem a autoridade da Igreja poder-se-ia rejeitar todo o Credo. Diz S. Agostinho que não creria no Evangelho se não lhe fosse apresentado pela autoridade da Igreja.
É claro que a Igreja não é senão um instrumento, porta-voz de Deus. Portanto, é em última análise no próprio Deus que nós acreditamos.
Antes de falar sobre a Igreja, porém, convém demonstrar a necessidade de sua existência, exigida pela própria condição humana.
1) A alma humana, por natureza, sedenta de absoluto
Deus criou o homem, pela sua própria natureza, obrigado à Religião.
Naturalmente, todo homem busca a felicidade plena, firme e imperecível: o homem foi feito por Deus com essa sede