Cristiana Facchinetti 1
Grupo de Trabalho: Simpósio: História da Medicina
Título:
Dr. Sigmund Freud: da neurologia à neurose
Cristiana Facchinetti1
Resumo:
Este trabalho analisa como a psicanálise se constituiu no campo da história das ciências pelas rupturas epistemológicas com os modelos médico-psiquiátricos (1893-1938). Os quatro referenciais destacados para análise são: o método anátomo-clínico, o conceito de hereditariedade e degeneração, a loucura como produtora de desrazão, erro e ilusão e, finalmente, a oposição entre o normal e o patológico. Para tanto, buscaremos contrapor as teorias médicas de época às discussões levantadas por Freud.
A histeria representou um ponto nevrálgico nesse contexto histórico-epistemológico, à medida que, através dela, Freud pôde enunciar a falência do método anátomo-clínico. Já a discussão acerca da sexualidade na histeria permitiu a Freud secundarizar o conceito de hereditariedade e romper com o de degeneração, num contexto teórico que destacava a constituição do sujeito no percurso de sua história. Finalmente, ao inserir a loucura no campo da representação, cuja heterogeneidade é mapeada por operações psíquicas que definem um psiquismo marcado pelos conceitos do inconsciente e do sujeito cindido, a distinção entre loucura e normalidade tornou-se secundária e a verdade do sujeito e de sua história pôde definir uma nova clínica, marcada não mais pelo olhar, mas pela escuta de um sujeito do inconsciente e de sua verdade singular.
I - A loucura no século XIX: patologia, degeneração e dessubjetivação
Tradicionalmente, a psiquiatria moderna aponta como seu mito fundador o ato revolucionário de Pinel, quando este, ainda sob o espírito da Revolução Francesa e após ser nomeado médico no Bicêtre em 1793, libertou os loucos do que se difundiu posteriormente como maus-tratos e incompreensão e configurou a loucura como alienação mental.
A partir dele, o asilo passou a ser considerado o lugar