Crise na republica velha
Maria Cecília Spina Forjaz
Professora do Departamento de Fundamentos Sociais e Jurídicos da Administração da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas
A campanha sucessória do Presidente Epitácio Pessoa, propositalmente antecipada pelas oligarquias dos "grandes estados" (São Paulo e Minas Gerais), desencadeia um conflito entre as Forças Armadas e as classes dominantes que culmina nas primeiras manifestações tenentistas, ou seja, o Levante do Forte de Copacabana, da Escola Militar do Realengo, de algumas guarnições da Vila Militar, da Primeira Circunscrição Militar de Mato Grosso e de alguns membros isolados do Exército e da Marinha em Niterói.
Essa mesma campanha significou um momento de intensificação das dissidências interoligárquicas. Contra a candidatura "café-com-leite" dos estado dominantes, uniram-se na Reação Republicana as oligarquias do Rio Grande do Sul, Bahia, Pernambuco e Rio de Janeiro apresentando a candidatura de Nilo Peçanha para a presidência da República.
Quais as raízes do descontentamento militar e os móveis principais de sua rebeldia nessa fase inicial da crise da Primeira República? Como se dá a articulação entre a rebeldia militar e os conflitos infernos das oligarquias regionais? Até que ponto existe uma complementaridade de objetivos entre as dissidências oligárquicas e os militares? Estas são algumas das questões que pretendemos esclarecer neste capítulo.
Da mesma forma, pretendemos investigar até que ponto essas primeiras manifestações tenentistas se articulam à crescente insatisfação dos setores médios urbanos. Existe realmente nesse contexto alguma manifestação dos militares rebeldes que os identifique como porta-vozes desses setores?
Assim, no início dos anos 20 a rebeldia militar e a atuação da Reação Republicana que a ela se entrelaça, apresentam-se como a conjunção de dois