Crise economica

Mundo pós-crise sofre sem liderança
Países têm dificuldades em coordenar ações para prevenir um novo colapso do sistema financeiro
Elisa Campos

Crise foi desencadeada por processo de desregulamentação
A crise financeira desencadeada no final de 2008 representou não apenas uma mudança abrupta no rumo da economia mundial, mas também uma alteração profunda nas relações internacionais, segundo a avaliação de economistas e especialistas. A reviravolta nas finanças mundiais conseguiu impulsionar o processo de democratização dos órgãos internacionais. O G8, antes a principal voz no cenário das decisões multilaterais, saiu de cena para a entrada do G20, ampliando em muito o poder de influência dos países emergentes.

O Brasil foi um dos principais beneficiados nesse novo desenho das relações internacionais. “O país ganhou um papel de protagonista, um papel fundamental”, afirma Amâncio Jorge de Oliveira, professor do Instituto de Relações Internacionais da USP.

Apesar de já ter ficado claro que não teremos mais todas as decisões nas mãos de um único ator e que o papel dos países em desenvolvimento será cada vez maior, ainda é uma incógnita quais nações assumirão o papel de protagonistas daqui para frente. Para Carlos Eduardo Lins da Silva, presidente do Conselho Acadêmico do Instituto de Estudos Internacionais da UNESP, existem quatro cenários possíveis.
SAIBA MAIS

O primeiro deles seria a consolidação do G20 como a instância superior para decisões multilaterais. No entanto, a dificuldade de consenso enfrentada pelo grupo, ilustrada pelo fracasso das negociações da Cúpula de Copenhague e da Rodada de Doha, colocam em dúvida a capacidade do grupo de assumir essa liderança. “O G20 é um conjunto de países com interesses diferentes e muitas vezes antagônicos”, diz Lins da Silva.

Outra possibilidade seria a formação de um G2, formado pelos Estados Unidos e China, ou, alternativamente, pelos Estados Unidos e a União Européia. No entanto, as diferenças de