Conto: Fim?

Fim? Quando nada mais importa, descobrimos o valor que damos a cada coisa, o sentido exato daquela caixa de música ou da lembrança mais da infância, que teima em voltar cada vez mais nítida. Sempre que abro o nosso álbum de fotografias, Carlos, e vejo as fotos dos nossos passeios, e como nós éramos felizes, sinto mais saudades de você, a dor de sua perda me corrói mais e mais, e acabo ficando pior. Tento entreter-me vendo filmes, saindo com amigos, mas sempre acabo lembrando de você. Todo dia, quando acordo, é uma luta para levantar-me da cama, e quando enfim consigo chegar até a sala, desabo na sua poltrona preferida, e fico lá por horas e mais horas, só levanto pra pegar doces ou o controle da televisão, devo já está parecendo uma ‘baleia’ de tanto comer besteiras. Minha Mãe sempre que pode vem me visitar; ela até tenta me animar, mas acaba saindo frustrada. Ouço os conselhos dela para esquecer da sua morte, pois já se passaram meses, e eu continuo lá, parada, triste, e quase sem sair de casa. Até tenho tentado esquecer o acontecido, sempre digo pra mim mesma: Milena você consegue, você vai superar, e não consigo. Queria tanto estar ai do teu lado, nesse lugar maravilhoso, que eu sei que você estar. Outro dia fui visitar sua família pra ver se me sentiria melhor, mas acabei ficando pior. Sua mãe como sempre foi muito simpática, mas percebi aqueles olhares desconfiados, aqueles cochichos, e no mesmo momento soube dentro de mim que eu era o tema central deles, mas não os culpo por nada disso, sei que mesmo sem terem conhecimento sobre toda a verdade, eles desconfiam que a culpada fui eu. Arrependo-me até hoje de ter feito aquilo, nunca quis te empurrar da janela do nosso apartamento, nós estávamos passando por um momento difícil, e quando descobri sua traição, tive aquela impulso impuro, pois estava com muita raiva. Apesar de sentir que você já me perdoou, o único jeito de me sentir totalmente desculpada é me jogando de onde você caiu, eu sei que vai