Conto: confissões entrelinhas
Acordei, fui ao banheiro e parecia que eu estava chorando muito. Meu rosto estava inchado e meus olhos e nariz estavam vermelhos. Na pia, toda suja de tinta vermelha, estavam pétalas de rosas brancas e uma espécie de espuma. Resolvi pensar um pouco, e não conseguia lembrar porque estava assim. Depois de um tempo, roendo minhas unhas no escuro e escutando minhas músicas preferidas, tento não pensar em amor, ou algo do gênero, mas é isto que está fazendo meu mundo girar agora. Girar, ou cair, ainda não sei ao certo. Quando penso em melhorar, e esquecer o mundo lá fora, começa aquela música. Músicas tem esse poder. Elas mudam seu estado de espírito. Sinceramente "Beatles" nunca me deixaram tão emotivo quanto neste dia. Quando você começa a ficar triste você não quer mais voltar atrás, apenas quer continuar triste. Pelo menos por um tempo, ou até tudo escorrer pelos olhos.
Olhando vagamente os ponteiros do relógio, percebo que a cada dia as horas passam mais devagar e tudo cai num vazio tão profundo, que é mais fácil dizer o que é que não está me machucando. Eu ainda não acreditava que tínhamos terminado. No momento posso me definir frustrado, entregado, desesperado, jogado fora, e literalmente cansado. Cansado de levar uma vida tão distante das coisas boas. E com isso eu não quero dizer "sexo, drogas e rock n'rol". Meu plano não está funcionando. Na verdade eu descobri pouco tempo atrás que realmente eu tinha um plano. Posso imaginar o futuro, não tão distante, na verdade um futuro bem próximo. Não sei se tudo vai passar ou se isso é apenas uma estratégia de fuga da minha alma. Afinal, a última fuga não deu muito certo, meus pulsos já não estão mais intactos. E eu estraguei tudo, aliás, eu sempre estrago. O problema é saber que a culpa não é somente sua, e querer carregar o peso em suas costas. Então, o meu problema é ser quem sou? Espera aí, não dizem as más línguas de boas cabeças que ser único é bom? Ou será que isso é uma frase de