A coerência teria a ver com a “boa formação” do texto, mas num sentido que não tem nada a ver com qualquer ideia assemelhada à noção de gramaticalidade usada no nível de frase, sendo mais ligada, talvez, a coerência é algo que se estabelece na interação, na interlocução, numa situação comunicativa entre dois usuários. Ela é o que faz como que o texto faça sentido para os usuários, devendo ser vista, pois, como um principio de interpretabilidade do texto. Assim, ela não pode ser vista também como ligada à inteligibilidade do texto numa situação de comunicação e à capacidade que o receptor do texto (que o interpreta para compreendê-lo) tem para calcular o seu sentido. A coerência seria a possibilidade de estabelecer, no texto, alguma forma de unidade ou relação. Essa unidade é sempre apresentada como uma unidade de sentido no texto, o que caracteriza a coerência como global, isto é, referente ao texto como um todo.Como se percebe, a coerência é, ao mesmo tempo, semântica e pragmática; mas, para alguns, embora esses caracteres predominem, a coerência tem também uma dimensão sintática (gramatical, linguística) que discutiremos mais adiante. Contudo, não se deve deduzir daí que a coerência tenha a ver com a superfície linguística do texto: todos os estudos procuram demonstra que a coerência é profunda, subjacente à superfície textual, não linear, não marcada explicitamente na estrutura de superfície. Além disso, é global e hierarquizadora dos elementos do texto (os sentidos desses elementos se subordinam ao sentido global unitário, os atos de fala que realizam se subordinam ao macroato de fala que o texto como um todo representa).
Por tudo isso é que se