Consciência Negra
Em 1789, os franceses declararam os direitos universais do homem. A declaração dizia que todos nasciam iguais, todos tinham os mesmos direitos e que todos estavam livres de crueldade. Mesmo assim, milhares de humanos ainda eram explorados e violentados. Os negros cruzavam os mares como escravos em centenas, marcando o primeiro grande genocídio da história moderna, e ainda hoje os negros e os não-brancos recebem salários menores, são mais pobres, são minoria nas universidades e sofrem discriminação e violência por conta do tom de pele. Ou seja, não são as ações dos negros, tampouco o seu caráter, que passam pelo julgamento público, mas sua melanina. Cotas, distribuição de renda e igualdade salarial não são o que ofende os racistas, o que ofende é ter que igualá-los aos negros. Algo que não se faz em discurso, mas em ações, e que tira muitos da zona de conforto.
A história se faz por meio da resistência e da mobilização. As grandes revoluções foram silenciosas. Foi assim na Índia, com Gandhi, e nos EUA quando os negros pararam de usar os ônibus públicos, e andavam quilômetros a pé, para protestar contra o apartheid.
No dia 20 de novembro, se comemora o Dia da Consciência Negra (dia da morte de Zumbi dos Palmares, em 1695), que é um chamado à reflexão sobre a sociedade como um todo. A data foi oficializada em 2003, através de uma Lei Federal que também tornou o estudo da História e da Cultura Afro-Brasileira obrigatório nas escolas do país. Neste dia, comemora-se a resistência do negro à escravidão e à violência.
Humanos têm um talento especial para discriminar e criar zonas de conforto e, principalmente, de encontrar argumentos que justifiquem suas escolhas. Foi e é assim com o racismo, com o machismo e com a discriminação de classe. Por isso, pensar a democracia e a Justiça a partir da condição dos negros é pensar nossa própria humanidade. Os não-brancos – negros, pardos e índios – são praticamente a metade da população