Consciencia negra e racismo.
Cada ano, em novembro, crescem em todo o Brasil as comemorações ligadas ao Dia da união e consciência negra. Desde alguns anos, a data do martírio do Zumbi dos Palmares se integra no calendário nacional.
Até alguns anos, poucos livros de história do Brasil contavam que, em 1695, senhores de engenho, bandeirantes vindos de São Paulo e militares de Pernambuco invadiram o Quilombo dos Palmares, no alto da Serra da Barriga, hoje Alagoas, onde viviam pacificamente mais de 30 mil pessoas, negras, índias e brancas, em uma sociedade livre e mais igualitária. Os invasores, com respaldo da sociedade e da Igreja, mataram milhares de homens, mulheres e crianças. O líder Zumbi dos Palmares, traído por um companheiro, preferiu entregar-se aos inimigos para evitar um massacre maior. No dia 20 de novembro de 1965, foi fuzilado e teve seu corpo esquartejado em uma praça do Recife. Até hoje, na comunidade de Muquém (AL), sobrevivem do artesanato de argila descendentes de alguns sobreviventes do massacre.
Mais de 300 anos depois, as comunidades negras e os quilombos são exemplos de resistência cultural e social do povo negro em meio ao conjunto da sociedade brasileira, ainda injusta e discriminadora. Conforme o censo mais recente, 44% da população brasileira é afro-descendente, mas só 5% das pessoas se declaram negras. Estes dados se tornam mais ainda espantosos quando sabemos que, da população brasileira mais empobrecida, 64% são pessoas negras.
A lei proíbe o racismo, mas mantém estruturas sociais e econômicas que o alimentam. Pode evitar que um viole o direito do outro, mas não tem como levar brancos e negros a se amarem e menos ainda como ajudar cada pessoa a se sentir bem em sua pele e em sua identidade cultural.
A violência nas cidades da França é conseqüência terrível e nefasta da forma desumana com a qual a sociedade francesa, tão racista quanto a norte-americana, trata os migrantes, principalmente negros, vindos de países que