Conflitos sociais contemporâneos: considerações sobre o ambientalismo brasileiro
O texto de FERREIRA (1999) aborda o ambientalismo brasileiro, tentando compreender este fenômeno a partir das visões dos teóricos dos movimentos sociais e da ação coletiva. A escola do estruturalismo entende as ações coletivas e movimentos sociais como resultado de mudanças sociais e econômicas impostos pela estrutura enquanto que o culturalismo entende estes processos sociais como derivados de alterações culturais e mudanças de valores.
“A suposta crise do ambientalismo”
Quando o ambientalismo surge na década de 1970, este é caracterizado pela literatura especializada como um novo movimento social, marginal e minoritário. Contudo, aos poucos passa a influenciar outros segmentos sociais e a elaborar um novo projeto de sociedade. Neste momento, o ambientalismo passa a ser reconhecido por alguns autores como um movimento social, enquanto portador de um projeto de transformação da sociedade e espaço de conflitos entre grupos sociais diferenciados. Alguns autores descrevem como este projeto consegue agregar diferentes segmentos sociais em torno da orientação ao desenvolvimento sustentável. Reconhecendo o ambientalismo como movimento social, ressaltava-se sua potencialidade para a promoção de mobilização coletiva para a transformação da sociedade.
Ao final dos anos de 1980 e início dos anos de 1990, a teoria dos movimentos sociais começou a mostrar sua limitação para a compreensão do ambientalismo. Uma concepção instrumental do ambientalismo tornou-se dominante, entendendo-o como meio eficaz para atingir o desenvolvimento sustentável ou futuro viável.
Os teóricos contemporâneos dos movimentos sociais passaram a conceber os movimentos sociais de forma mais racional e instrumental, deslocando os aspectos simbólicos e utópicos para os aspectos práticos e materiais da ação social. Já com os