CONCEPÇÕES DOS CLÁSSICOS DA ECONOMIA POLITICA E DE MARX SOBRE DESENVOLVIMENTO SOCIOECONÔMICO
Resumo.
Na visão Clássica, um tema privilegiado da Economia é o crescimento econômico, ou crescimento da “riqueza” (prosperidade) das nações, na linha esboçada por Adam Smith em sua “Investigação sobre a Natureza e as Causas da Riqueza das Nações” (1776). Uma noção associada à “riqueza” de uma nação é a de seu “bem-estar” (“welfare”), referido às vezes pelos Clássicos como “felicidade” da sociedade – ou de sua classe majoritária de trabalhadores – entendida como sua “felicidade” em termos de consumo de bens e serviços necessários, convenientes ou “confortáveis”, ou seja, seu padrão de vida material (adquirido com os salários do trabalho, no caso dos trabalhadores). Assim, por exemplo, vemos Smith afirmar na sua Riqueza das Nações.
1 Adam Smith
Segundo Smith, o crescimento do capital demanda o emprego de um número proporcionalmente crescente de trabalhadores. O salário real (poder de compra do salário em termos de bens consumidos pelos trabalhadores) tende “naturalmente” a se ajustar no mercado de trabalho de modo a fazer a população e a oferta de trabalhadores crescerem à mesma taxa que a demanda por trabalhadores, supondo que o salário real “regula” o crescimento da população (“princípio da população” na sociedade capitalista). Note-se que o crescimento da população é, neste modelo teórico, variável “endógena”, isto é, determinada “dentro” do modelo em função de outras variáveis deste. A longo prazo, o salário real se ajusta desse modo, igualando a oferta à demanda por trabalhadores, não havendo portanto desemprego, isto é, excesso de oferta de trabalhadores. Porém, o salário real “natural”, assim ajustado, é sempre um salário de mera subsistência, necessário e suficiente para assegurar a sobrevivência dos trabalhadores e sua reprodução na quantidade em que são demandados pelo capital investido produtivamente – embora tal “subsistência” tenha um componente