Conceito de religião
O conceito de religião, tal como muitos outros conceitos importantes mas complexos, é difícil de definir. […]
É especialmente fácil para as pessoas envolvidas nas tradições do Judaísmo, do Cristianismo ou do Islão cair na assumpção que a religião tem que envolver a crença num Deus singular e pessoal. Mas mesmo o pouco contacto com outras tradições religiosas revela que há religiões que não se enquadram nesta descrição. Algumas religiões são politeístas, outras, como o Budismo ou o Taoismo, não assumem a existência de um ser divino com inteligência, sentimentos e personalidade.
Por esta razão, a maior parte das definições de religião propostas tendem a ser extremamente gerais ao ponto de não serem informativas. O filósofo americano William James, por exemplo, define a religião como «os sentimentos, actos e experiências dos homens individuais na sua solidão, enquanto se apreendem na relação no que quer que considerem o divino». Mas mesmo esta definição, talvez inconscientemente, reflecte um individualismo que não está presente naquelas tradições religiosas em que o foco principal é a comunidade em vez do indivíduo. Um conhecido filósofo contemporâneo, Paul Tillich, deu uma definição famosa ainda mais geral. «Religião», disse, «é o assunto último». Isto capta a ideia que a religião tem a ver com os assuntos mais básicos e importantes na vida de uma pessoa - é o que ancora os seus valores e a sua crença (ou esperança) de que aquilo que faz tem significado último e genuíno. Mas também é tão geral que envolve coisas que são usualmente vistas como seculares em vez de religiosas: por exemplo, um compromisso profundamente mantido perante um determinado sistema político e a sua ideologia.
Assim, chegar a uma boa definição de religião não é fácil e as razões para tal são óbvias. Em primeiro lugar, tal como já vimos, há uma grande diversidade de religiões que são ou foram praticadas por diferentes pessoas. Estas diferenças manifestam-se mais