comédia
COMÉDIA X TRAGÉDIA Vilma Arêas Na prática teatral, principalmente na atualidade, comédia e tragédia raramente aparecem de forma pura. Segundo Martin Esslin, é possível representar qualquer peça como tragédia ou comédia, como a alguns anos em São Paulo, quando Fernando, ou o Sinto Acusador, dramalhão de Martins Penna, foi encenado como comédia, beirando o absurdo. Na distinção entre os gêneros podemos optar pela estética clássica ou tradicional, com leitura diversa, com alguns enfoques que beiram o desprezo por sua inserção histórica. Essa diversidade de recepção pode ser devido aos próprios fatores estruturais, do caráter dúplice do cômico ou até mesmo pelas circunstancias históricas que nela interferem. Shakespeare idealizou a peça O Mercador de Veneza como comédia, numa época em que não existia o problema judaico em Londres. No entanto Charles Maclin trouxe um aspecto trágico, causando choro onde antes o público ria, e depois do fascismo se tornou impossível olhar para Shylock como personagem cômico. Sábato Magaldi, falando sobre a comédia antiga e a comédia nova na Grécia, considera heresia dizer que Menandro está mais próximo de Eurípides do que Aristóteles, considerando que ambas, a tragédia e comédia grega, nasceram do mesmo culto á Dionísio. No entanto, numa visão didática, as oposições entre a tragédia e a comédia estabelecem-se a partir das colocações de Aristóteles. As duas são comparadas da seguinte forma: A tragédia imita ações sérias, é completa em si mesma e traz uma linguagem para a peça a distribuição de várias espécies de ornamentos artísticos, efetuando por meio do terror e compaixão a conveniente purgação desses sentimentos. A comédia imita personagens de classe inferior, com mascara feia e distorcida onde não implica dor exegetas. Há uma extensa bibliografia critica com relação a tragédia na perspectiva aristotélica, mas com relação a comédia é diferente levando alguns críticos a abordarem