Como Romeu e Julieta, Final
Desculpe os dias que fiquei ausente. Tenho andando desanimada demais, a vida me dói de tantos modos.
Os dias que se sucederam deste a morte de meu pai, fora (e anda são) dias difíceis. Minha mãe, quase sempre, acorda no meio da noite chorando, soltando gritos e palavras incompreensíveis. Ester anda pelos cantos, não olha nos meus olhos, acho que me culpa pela morte do nosso pai, normal, até eu me culpo. E eu me sinto vazia, um vazio que nada preenche, tenho procurado modos de me distrair passando mais tempo conversando com Anette, lendo, caminhando o que é tudo em vão. Sempre me vejo parada revivendo aquele dia, sinto a mesma vontade de vomitar ao recordar o corpo do meu pai jogado ao chão, esfaqueado, morto.
Tive que contar inúmeras vezes à mesma história. Contar que um estranho matou meu pai, que não sei quem é, que não sei por que aquele estranho estava no meu porão, o porque de ter matado meu pai. Mentir, exatamente isso que faço nos últimos dias, me sinto mal. Me pergunto porque tenho consciência, se eu não tivesse seria tão mais fácil, poderia deitar e dormir sem ressentimento e sem minha consciência pensando a cada instante que respiro. Aparentemente, todos acreditaram na minha história, quisera eu também acreditar. Ester confirmou a minha mentira, não queria envolve-la nisso, que doa em mim mai que não doa nela, mais seria impossível suportar essa dor sozinha, e por outro lado me sinto horrível por dividir essa mentira com ela, ninguém merece viver uma mentira... Ok, talvez eu mereça, já que foi tudo culpa minha.
Não olho nos olhos das pessoas, acho que se me olhassem veriam toda a mentira que me tornei, veriam a verdade no fundo dos meus olhos. Deitada na cama, enrolada no lençol, com a cabeça no travesseiro e minha mente vagando, como eu queria que isso tudo fosse um pesadelo. Oh céus, como eu queria!
Evitei até aqui falar de Adam porque fingir que ele não existe talvez diminua a outra dor no meu peito (existem duas dores, meu pai e