comidas afro brasileira
É certo que a escravidão marcou profundamente a história do Brasil. Boa parte dela, escrita à custa de sacrifício, exploração e suor dos mais fracos. Traços negativos que ainda hoje se refletem em nossa trajetória socioeconômica. Mas esse roteiro também tem capítulos saborosos. A rica contribuição dos negros à cozinha brasileira prova que até mesmo episódios de opressão como esses podem resultar em uma herança cultural tão forte que, além de incorporar ingredientes a nossa culinária, deu outra roupagem ao que já havia por aqui. Delícias que merecem ser lembradas por ocasião do Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, comemorado no dia 20 de novembro.
"O trabalho principal era apenas preparar o que fosse ordenado, mas as serviçais acabaram adaptando muitas coisas”, narra a chef e estudiosa sobre o assunto Ana Ribeiro, à frente do restaurante La Cigale, no Rio de Janeiro. Ao cozinhar na casa grande, as escravas descobriram os ingredientes e as técnicas de preparo familiares aos europeus, como açúcar, sal, ovos, alho, carnes de abate (gado e frango) e a fritura.
Nos tachos das negras, a mandioca, o milho americano e o amendoim ─ muito utilizados pelos índios ─ ganharam novas versões, incrementadas por frutos e condimentos da África, como o quiabo, o dendê, a pimenta-malagueta e a galinha d’angola. O coco, mesmo não tendo origem africana, também chegou aqui pelas mãos dos escravos e agregou sabor às receitas já existentes. “Esses ingredientes são bem comuns em pratos típicos da Bahia, um dos estados que mais preservou os traços culturais desses imigrantes”, acrescenta Ana.
Moqueca – Ilê
Dos cozidos às frituras
A moqueca é um bom exemplo dessa influência africana. A receita ─ em sua versão mais difundida ─ leva leite de coco, pimenta, dendê, tomate, coentro, cebola e outros temperos. No entanto, em sua forma inicial, preparada pelos