Comentário sobre o Livro VII, Capítulo 12: “O Problema do Mal. A Perfeição das criaturas”, das “Confissões” de Santo Agostinho
Neste momento das Confissões, Agostinho não enunciou sua solução ao problema do mal, e estamos ainda diante da questão: se Deus é a origem de toda a criação e o máximo bem, qual a origem do mal? Uma vez que, assumindo que Deus criou tudo o que existe, então ele deve ter criado também o mal, o que põe em dúvida sua qualidade de máximo bem; e por outro lado, assumindo que Deus é o máximo bem, ele não poderia ter criado o mal, o que contraria o fato de que Deus é a origem de tudo o que existe.
Agostinho inicia suas considerações falando sobre a perfeição das criaturas com a tese de que “todas as coisas que se corrompem são boas”; construindo, com a argumentação que virá, as bases para a sua explicação sobre o problema do mal. A argumentação é bastante clara e simples: se algo se corrompe, há de possuir bondade; mas este algo não pode ser sumamente bom, pois, para tanto, deve ser incorruptível. Compreendo que ao dizer: “todas as coisas que se corrompem são boas”, Agostinho se refere a toda a criação, que evidentemente está sujeita à mudança, e, portanto ao tempo. Com o intuito de expressar a idéia principal do capítulo (a de que o mal não é uma substância existente), fica evidente a necessidade de se argumentar no sentido de mostrar que tudo o que existe é bom. O autor precisa se assegurar de que o mal não pode fazer parte da criação.
Diferentemente dos maniqueístas que acreditavam na dualidade de substâncias, “bem e mal”; o Santo Bispo crê apenas em uma delas, o bem; assumindo que toda criação vem de Deus e Deus é o máximo bem. Portanto algo que é sumamente bom, como Deus, não pode dar origem à uma substância cuja natureza é radicalmente contrária ao bem.
A corrupção, por sua vez, é nociva porque tolhe algum bem das coisas. Se não fosse assim, teríamos que admitir que ela não prejudica, o que é inaceitável. Além disso o mal é quem